domingo, 13 de outubro de 2013

Laurence Anyways

Acabo de ver Laurance Anyways, um filme realmente interessante que foi muito além da proposta mostrada no trailer. Uma obra que convida ao questionamento profundo sobre a essência humana. Uma crítica e um convite a libertação das primeiras impressões ou dos primeiros passos que acabam sendo os últimos para a grande maioria. O que existe além dos primeiros passos em direção ao conhecimento de nós mesmos? E porquê? Ecce homo.
A grande questão não é a atitude de um indivíduo, mas sim o que ele busca com ela. A despretensão dos atos é a grande mazela social contemporânea.
Existem revoluções e letargias. O homem que busca pela revolução é imprescindível, independente das formas, o objetivo torna válida suas tentativas.
A grande lição de Laurence Anyways é justamente essa: o que faz o indivíduo/ser pensante?
Não são as formas, mas a revolução por trás de cada uma.

JL

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A espuma dos dias

cine arte posto 4: tae um lugar que eu sempre quis ir, mas alguma coisa sempre acontecia, ou eu simplesmente me esquecia.
Está em cartaz A Espuma dos dias, um filme francês que me atraiu a atenção, foi quase uma intuição, eu precisava ver esse filme, e mesmo eu passando mal, eu fui.
Foi o filme mais tocante que eu já vi. Uma obra de arte completa, nos sentidos mais amplos. Pela primeira vez na vida ví algo e pensei: isso é impossível, porquê é perfeito. O enredo, e a linguagem cinematográfica. Metaforas simplesmente inacreditáveis.
Entrei naquela salinha esperando um filme interessante, e sai arrasado com vontade de abraçar alguém e dizer: Cara, você não acredita no que eu acabei de assistir.


Uma pedra e um diamante bruto


terça-feira, 24 de setembro de 2013

vá viver a vida



Então um velho amigo veio hoje em casa. E especialmente nesses dias ando revendo muitas coisas em minha vida. Alguma delas eu sinceramente preferiria deixar para depois, mas diferentes perspectivas de mundo sempre ocorrem quando estamos nos aproximando de algum tipo de fim, seja ele qual for e se eu deixo para depois, os pensamentos vêm atrás de mim e me pegam de jeito.
Meu amigo chegou, conversamos e saímos para conhecer um novo (e o único) recanto hard nerd da cidade. Por incrível que pareça é quase aqui do lado de casa e eu sequer tinha ouvido falar. Uma lojinha especializada em Magic. Um jogo de estratégia em turnos por carta.
Entrando lá, subitamente eu me senti com 15 anos. Uma sensação muito próxima de quando entrei numa lan house pela primeira vez. Imagine só um lugar com uma das coisas mais legais de se fazer?
Olhei para a vitrine: jogos de tabuleiro, jogos de carta, RPGs de tudo que é tipo, do outro lado do balcão, todo tipo de salgadinho, refrigerante, chocolate.
Nossa! você deve estar pensando que eu peguei um bolo de cartas, gastei meu dinheiro e fui sentar numa das mesas pra aprender tudo que fosse possível até que a lojinha se fechasse.
Não. Eu senti pavor. Sim, eu fiquei apavorado... Aqueles caras gordos ali dentro, extremamente inteligentes, consumidos por um vício... não era droga, mas ao mesmo tempo, era uma forma de droga, uma droga que dá barato com seu empenho intelectual. Uma droga que te definha, te leva o dia, acelera o tempo, mas não impede nenhum segundo a velhice.
- sente-se, jogue um pouco! - tudo convidava para isso.
Mas por quê? Porque um rapaz gasta tempo e talento num jogo assim? Quer dizer... porquê esse empenho em algo tão abstrato que não deixa nada para uma vida? O que se pretende com isso entende? Sim, é claro que você entende, é fácil de imaginar a falta de nexo.
Espera! tem certeza que é tão claro assim? Troque aquelas cartas por dinheiro. É, aquele mesmo que você usa pra comprar qualquer coisa. E mude o jogo de estratégia em uma mesa que o objetivo é vencer o adversário, fazendo-o perder 20 pontos par um outro chamado vida que você provavelmente nem sabe o objetivo final disso.
É, agora não vai ser muito dificil ver que não se precisa estar numa lojinha hard nerd para se sentir fugindo da realidade.
Qual o objetivo da vida, desse jogo? Mas você tentou ao menos ler as regras? Não, não são as leis jurídicas ou econômicas. As regras estão escritas em seu manual de fábrica, na sua alma.
Que engraçado pensar assim, mas e se talvez a vida toda tenha sido feita para encontrarmos um caminho até ela. Que engraçado pensar assim, um mundo imenso, tantos lugares distantes e talvez o mais longínquo seja a nossa alma.
E se eu dissesse nesse texto que gritei com todos da lojinha: - EI, SAIAM DESSA LOJINHA, SAIAM DESSE MARASMO, DESSA ILUSÃO, VÃO ENCONTRAR A RAZÃO DE VIVER!
Você diria: "- você não deveria fazer isso, se eles estão lá é porquê não entendem esses conceitos que "Nós", os normais, temos sobre encarar a vida"
EI, SAIA DESSA VISÂO DE MUNDO, SAIA DESSE MARASMO, DESSA ILUSÃO, VÁ ENCONTRAR O CAMINHO PARA SUA ALMA!

JL

domingo, 8 de setembro de 2013

Uma poetiza na multidão



Ontem, eu fiz um esforço quase sobre-humano pra parar de pensar em coisas que me aconteceram recentemente. Que me perseguem a lembrança e me fazem caminhar entre o amor, a saudade e a revolta, as vezes vêm de uma forma que não sei distinguir qual desses eu estou sentindo... as vezes são todos juntos.
Então convidei meu amigo Marcelo Vitor, pra dar uma volta, comer Hambúrguer e conversar sobre qualquer besteira. E lá estávamos nós, sentados no quiosque, comendo um Harmbúrger quase gigante e falando de música, sociedade contemporânea, cidades brasileiras e sobre um amigo em comum q desapareceu por ai de mão dada com uma mocinha e nunca mais voltou.
Então no meio das besteiras e das risadas, uma senhora de casaco azul apareceu do nosso lado, com panfletinhos nas mãos, e ela disse respeitosamente, se queríamos comprar as poesias dela. Eu estava pedindo a conta pra pagar, e acabei não conseguindo pedir pra ela esperar um pouco. Mas eu fiquei observando, enquanto a garçonete me entregava a máquina pra passar o cartão, aquela senhora passando entre aquelas mesas, entre pessoas mais preocupadas com o sanduíche do que com o pedido.
Uma senhorinha com uma feição cansada, tarde da noite, entre pessoas dispostas, que estavam ali pra gastar o tempo e o dinheiro, enquanto ela tentava viver da própria arte. De repente eu estava diante da personificação de um artista que escolheu tentar pra valer, vestir a própria arte, e se alimentar dos frutos dela. Alguém praticamente invisível na multidão, uma senhorinha que recebia “nãos” sem cerimônia ou compaixão. Mas ela ia pra próxima mesa, como se fosse a primeira, e fazia exatamente o  mesmo pedido: - Vocês querem comprar uma poesia minha?
E eu muito apressado, digitei a senha pra pagar o lanche, e quase sai correndo pra não perdê-la de vista.
- Olá, eu gostaria de uma poesia sua. Quanto é?
- Dois reais cada.
- Então eu quero duas.
Ela me entregou um papelzinho azul, e eu estendi a mão para pegar mais um daquele, já que eu tinha pedido duas, e ela disse:
- Espera, vou pegar outra diferente. Você quer duas não é? – Ela abriu uma pastinha que levava debaixo do braço e escolheu entre aqueles montinhos organizados, um panfletinho cor de rosa e disse: - Obrigada por estar me ajudando, viu?
E eu fiquei muito sem jeito, o que eu iria dizer pra ela? – De nada? É claro q não. Ela que estava fazendo um favor, entregando no meio daquela gente vazia um pouco da luz que só os artistas sabem manter e levar. Eu queria dizer tanta coisa praquela senhorinha, mas eu só senti uma dor no peito. Então, ela foi para o próximo quiosque logo ao lado. Perguntei ao meu amigo: Você viu? ela vende poesias que ela mesmo faz! – E ele disse: Sim, ela é conhecida por aqui, já saiu até no jornal. Ela mora lá no centro da cidade, fica até tarde tentando vender as poesias dela. As vezes ela não vende nada, fica triste e bebe uns goró! As vezes ela dorme depois de beber muito, e deixam ela lá até o dia seguinte.
Estávamos indo embora e eu pedi ao meu amigo: - Cara, tira uma foto minha com ela?
- é serio isso?
-sim, é sério!
Fomos atrás dela, eu pedi licença: -Posso tirar uma foto com você?
Ela me olhou com uma expressão meio espantada:
- Mas você me conhece?
- Claro q sim, comprei duas poesias suas!
- pode sim!
E nessa conversa, senti que ela cheirava a álcool. Um olhar triste, vago, perdido. Tirei a foto e quando estávamos quase na ciclovia eu peguei os panfletinhos e li uma poesia aleatoriamente.
Ela se chamava: Amo você. E na manhã seguinte peguei o outro folhetinho e ele se chamava: Medo de te amar.
Daisy Ferreira colocou um palavras os grandes maus do século: O amor e o medo de amar.

Jorge Luis Garcia